A ORIGEM DO CORDEL
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Foi na oralidade
Que brotou nosso cordel
Na voz do cantador
Rapsodo, menestrel
Do semi-árido nordestino
Do casebre campesino
Ao salão do coronel.
Surgem as tipografias
Com um trabalho de artesão
Leandro Gomes de Barros
Faz a primeira impressão
Começa a literatura
De tradição e cultura
Com os motivos do sertão.
Mas a viola não parou
De tocar o seu baião
Acompanhando os cantadores
Nos confins do meu sertão
E o poeta de bancada
Fez da caneta espingarda
Defendendo tradição.
No Brasil da ignorância
O cordel foi a salvação
Divertiu e informou
E orientou o cidadão
Muito humilde e explorado
Quase sempre castigado
Pelas secas do sertão.
As mulheres no cordel
Sempre fizeram bonito
Xica Barroso e Tabana
Hoje cantão no infinito.
Mas Mocinha de Passira
Como uma agulha de safira
Vai ampliando seu grito.
Em nossa academia
No palco ou no plenário
Tem a Madrinha Mena
Tem a Dalinha e a Rosário
Trabalhando noite e dia
No mundo da poesia
Sem troféu e sem salário.
Neste instante eu apelo
As elites da nação
A cultura de raiz
Merece mais atenção
Porque a mídia é só consumo
Não tem esquadro nem prumo
Para erguer um cidadão.
Nosso cordel tem assunto
Pra qualquer academia
Seja na literatura
Ou na antropologia
Costumes e tradições
Coronéis e lampiões
Eu deixo pra sociologia.
O encontro de poetas
E rodas de cantoria
É um projeto do Fernando
Com sua sabedoria
Ele traçou os itinerários
Convidou os operários
Das sendas da poesia.
Autor: IVAMBERTO
RIO DE JANEIRO
12-03-2011.
Visite também: www.cantinhodadalinha.blogspot.com
www.rosáriocordel.blogspot.com
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